Novela 'Guerreiros do Sol' aposta em novo olhar sobre o cangaço
Inspirada em Lampião e Maria Bonita, trama conecta o sertão violento do século 20 ao Brasil de hoje. Estreia quarta (11/6), no Globoplay e Globoplay Novelas
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Siga noSe o público anda arredio em relação à telinha, “Guerreiros do Sol”, produção com 45 capítulos do Globoplay que estreia quarta-feira (11/6), traz ingredientes que podem atrair o telespectador de volta. Explica-se: o tema do cangaço interessa a muita gente e nunca foi abordado como novela.
Escrito por George Moura e Sergio Goldenberg, o folhetim é inspirado na história de Maria Bonita e Lampião, com trama que se a nos anos 1920 e 1930 em torno do romance de Rosa (Isadora Cruz) e Josué (Thomás Aquino).
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Entusiasmo
Pronta há dois anos, “Guerreiros” só agora entra no ar, gerando ainda mais expectativa. Antes mesmo do início da coletiva online reunindo boa parte da equipe, na última terça-feira (3/6), atores, autores e o diretor artístico Rogério Gomes, o Papinha, esbanjavam otimismo em relação ao sucesso da novela.
“A coisa mais linda do mundo, gente. Sério. Não dá nem para piscar. É muito emocionante”, elogiou Isadora Cruz no papo com Papinha. “Valeu cada gota de suor, vocês arrasaram muito”, devolveu o diretor. “Não foram gotinhas. Foram sangue e suor”, disse alguém não identificado, em meio ao turbilhão de áudios que se revezavam até o início do papo.
O ator José de Abreu lembrou um dia marcante das gravações. “Fui tomar banho e parecia que estava saindo sangue. Era tudo vermelho”, recordou, citando um dos perrengues que ou no set em Canudos, na Bahia.
“O único dia em que fiquei quase 'teto preto' foi o dia do enterro do rapaz, cujo nome não posso revelar. Fiquei quatro horas em cima de um cavalo”, contou o ator, referindo a seu “quase desmaio”. O papo ia bem descontraído até alguém avisar que a entrevista começaria.
“'Guerreiros do Sol' começa a nascer exatamente quando a gente divide com vocês este sonho acalentado, suado. Um mergulho profundo no sertão do Nordeste dos anos 1920 e 1930 para contar a história de amor de Josué e Rosa, que acontece no meio de uma guerra, a guerra das contradições do Brasil de ontem e do Brasil de hoje”, disse George Moura.
De acordo com ele, a narrativa do cangaço tem uma característica muito peculiar. “Ela é extremamente local e extremamente universal. O mundo do cangaço se comunica bem com o Brasil do Oiapoque ao Chuí, do Norte ao Sul, e também se comunica com os outros países”, destacou.
Moura citou como referências “O cangaceiro”, filme de Lima Barreto premiado nos anos 1950 em Cannes; “O dragão da maldade contra o santo guerreiro” (1969), que deu a Glauber Rocha o prêmio de Melhor Direção naquele festival francês; e “Baile perfumado” (1996), direção de Lírio Ferreira e Paulo Caldas), que fez a releitura do cangaço.
“'Guerreiros do Sol', narrada pela Rosa (Isadora Cruz), é uma história de amor com narrativa clássica, mas é também uma história de irmãos, da fraternidade entre irmãos. E também uma história de mulheres fortes. 'Guerreiros do Sol' chega com um pé na tradição e o desejo ardente e apaixonado de renovar essa narrativa”, afirmou.
“É uma história que quer dizer que ninguém é somente bom, nem ninguém é somente ruim. Há as contradições humanas no cangaceiro, que não é só aquele cara mal-humorado, cruel, enfezado. Não. O cangaceiro às vezes é cruel, mas ele também gosta da aventura, ele gosta da festa.”
Citando pesquisa de historiadores que acreditam que o cangaço começou no século 18 e foi até meados do século 20, Sergio Goldenberg observou que o tema é muito importante na formação do Brasil.
“A gente ainda tem de falar muito do cangaço para entender o país onde a gente vive”, afirmou. De acordo com ele, a novela reforça, aumenta e expande o papel das mulheres no cangaço.
“Foi a forma que a gente encontrou de ter um olhar crítico permanente para aqueles tempos, que eram tempos de muita violência, de uma sociedade patriarcal e aspectos muito arbitrários”, observou Goldenberg.
George Moura acrescentou: “O cangaceiro de 'Guerreiros do Sol' não é nenhum herói, nenhum bandido. Ele se torna cangaceiro porque esse é o espaço que encontra para sobreviver à geografia física onde a lei do papel não chega. A lei é a lei da pessoa mais forte. Acho que todas as narrativas se complementam e ampliam esse olhar. 'Guerreiros do Sol' chega nessa direção.”
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“GUERREIROS DO SOL”
• De George Moura e Sergio Goldenberg. Direção artística: Rogério Gomes. Com 45 capítulos. Com Isadora Cruz, Thomás Aquino, Alinne Moraes, Alice Carvalho, Larissa Bocchino, Daniel de Oliveira, Alexandre Nero, José de Abreu, Irandhir Santos, Marcelia Cartaxo e Luiz Carlos Vasconcelos, entre outros. Estreia quarta-feira (11/6). Exibição de segunda a sexta, às 22h40, no Globoplay Novelas, substituto do canal Viva. Semanalmente, cinco novos capítulos serão disponibilizados na plataforma Globoplay.